É um método que procura determinar a tendência futura da cotação de um determinado produto financeiro, tendo por base as cotações historicamente formadas, tentando reduzir o risco do investimento. Segundo Matos (2009, p. 82), “o pressuposto da Análise Técnica (AT) é o de que as cotações das acções se formam por movimentos de oferta e procura, e sendo assim, é o estudo destas, manifestado nos preços e volumes de transacções que se formam no mercado, o que realmente interessa, nesta tarefa de avaliação de acções e de prever a sua evolução valorativa”.
Para o autor Farinha (2000, p. 1) a AT consiste em “procurar evidenciar padrões históricos de comportamento dos preços das acções que lhe permitam prever qual o seu comportamento futuro no curto prazo”. Em síntese, pode dizer-se que a AT se baseia no estudo de como as cotações se vão movimentar, independentemente da razão dos seus movimentos, e na identificação do momento certo para entrar ou sair do mercado.
De acordo com Murphy (1986, p. 2), a AT assenta nas seguintes premissas:
• os preços de mercado descontam “tudo”;
• os preços movem-se em tendências;
• a história repete-se, isto é, o comportamento dos preços no passado repetem-se no futuro.
O objectivo da análise técnica é prever a evolução dos preços. Para tal, recorre ao estudo dos preços históricos por forma a tentar determinar o que poderá ocorrer no futuro. A análise técnica pressupõe que comportamentos passados se repetem.
Os preços de mercado descontam “tudo” ou as cotações reflectem tudo – significa isto que a cotação espelha os dados tratados na análise fundamental, tais como as diferentes opiniões, as expectativas e os receios dos investidores.
As cotações movem-se dentro de uma tendência – isto é, as cotações movimentam-se em três sentidos: para cima, para baixo ou lateralmente, e essa tendência mantém-se por um determinado período. Os padrões de mercado repetem-se – este conceito está relacionado com a psicologia das massas (têm-se verificado com certa regularidade formações gráficas, tais como triângulos, cabeça e ombros, bandeira, etc.).
O autor Matos também sugere os seguintes pressupostos para a AT:
• “Em circunstâncias similares, os investidores tendem a repetir os mesmos comportamentos;
• A informação pode ser recebida gradualmente; a interpretação pelos investidores pode não ser instantânea nem unânime; as decisões são muitas vezes tomadas paulatinamente, à medida que as hesitações dos agentes vão sendo vencidas; as informações podem atingir o mercado com grande rapidez, mas a sua exactidão ou a univocidade de consequências podem faltar; certos factos só vão repercutir-se lentamente no mercado, não sendo possível determinar esse timing.
• Se são certos estes pressupostos, então um analista, ao ver um preço a subir em vários dias, com aumentos de volumes, pode interpretar tal fenómeno como um aumento do interesse do mercado, traduzindo num aumento de procura sustentado que irá continuar a provocar a subida de preços. O analista poderá ter avistado uma Tendência de subida, sendo a identificação de Tendências e da sua reversão o objectivo fundamental da Análise Técnica.
• Porque se pressupõe que os comportamentos são repetitivos e as reacções graduais, então, iniciado um movimento de subida ou de descida ele tenderá a manter-se; em contrapartida, quanto mais tempo se mantiver actuante a Tendência, maiores as possibilidades de que inicie a reversão.
• Os investidores não agem apenas racionalmente, mas também emocionalmente, existindo grupos de intervenientes no mercado que tendem a acertar mais e que é possível seguir parcialmente o movimento destes investidores.”
Rotella (1992:147) divide a AT em dois grandes e distintos grupos:
• análise subjectiva – refere que a análise tem como enfoque de interpretação o gráfico, através das formações, como por exemplo, ombro-cabeça ombro;
• análise objectiva – refere que o estudo é efectuado através dos modelos matemáticos, como por exemplo, as médias moveis.
Quanto às características básicas da AT podem salientar-se as seguintes:
• o único instrumento é o gráfico;
• auxilia na tomada da decisão;
• adaptável a qualquer Mercado;
• mostra os momentos de entrada e de saída;
• facilidade de aplicação.
Os gráficos são a matéria-prima da AT e sobre eles podem ser utilizados diversos indicadores que vão permitir identificar sinais de compra e sinais de venda. Desta forma, ajuda a projectar para o futuro os momentos em que o investidor deverá comprar, vender ou manter.
O analista técnico decide comprar/vender se os indicadores disponíveis o convencerem que a cotação da divisa (ou de outro activo financeiro) vai subir/descer, ou seja, na AT não existe tanto o conceito de caro nem barato, mas sim a expectativa de subida ou de descida.
Porém, os analistas técnicos têm a noção de que não existem sistemas infalíveis de detecção e, por isso, vão suportar a tomada da decisão no maior número possível de instrumentos auxiliares de diagnóstico, procurando confirmações de forma continuada.
Assim, decidirão sempre com precaução, dada a percepção de que podem seguir falsos sinais que obrigarão a reverter a decisões.Esta análise é vulnerável em certas condições do mercado, ou seja, não está isenta de falhas, mas constitui uma ferramenta que auxilia os investidores a obterem ganhos consistentes nas suas aplicações.
A AT é construída através dos gráficos onde estão reflectidas as cotações históricas e presentes das divisas, onde se incluem as configurações de preços, de volumes e outras representações matemáticas que reflectem o comportamento do mercado.
Os modelos matemáticos com dados temporais gerados pela lei da oferta e da procura de um par cambial são usados para determinar a força e a sustentabilidade de uma tendência. Se utiliza a AT para determinar os pontos de entrada e de saída, o investidor deve ser muito disciplinado e fiel aos pontos estabelecidos inicialmente.
A AT é uma abordagem individualizada que procura obter uma previsão da cotação de um determinado activo num horizonte temporal restrito.De acordo com Mosca , a crescente utilização da AT pelos investidores tem vindo a ganhar validade, ou seja, utilizando os mesmos instrumentos no processo de decisão de investimento os diagnósticos e as conclusões gerais acabam por prevalecer.
Apesar de ainda não existirem estudos a confirmarem o argumento, a AT tem o seu valor assegurado. Porém, não deve atribuir-se uma importância excessiva à sua capacidade de contribuição para o processo de decisão de investimento, na medida em que é susceptível às armadilhas comportamentais e de interpretação dos dados económicos e financeiros.
A este propósito, salienta-se o estudo realizado por Kirman (1996) envolvendo analistas técnicos, através do qual demonstrou que “a mesma realidade de mercado é passível de interpretações contrárias por parte dos grafistas, sendo que posições compradas e vendidas são observadas no mesmo momento, demonstrando ausência de uniformidade nas posições, apesar do uso do mesmo instrumental para suportar o processo decisório“.